terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Fantasma, Maria Teresa Guimarães Noronha

O Fantasma
         A televisão não tinha chegado até a fazenda porque era insuficiente a energia. À noite, as mulheres distraíam-se ouvindo rádio de pilha enquanto costuravam. Os homens gostavam de se reunir para conversar. O ponto escolhido foi o terreiro de café que ficava entre a casa do administrador e a Casa de D. Alzira: portanto, à distância de um grito. Nessa noite, falavam de fantasmas. Cada um tinha uma história para contar, ou uma experiência pessoal que infelizmente (ou felizmente?) não provava nada.
         – Eu me lembro de um caso interessante – disse Vicentino. Os ouvintes mais se aproximaram dele. Por que será que gostamos de ficar bem juntinhos quando ouvimos histórias de fantasmas? Para melhor ouvir? Ou porque sentimos mais seguros estando bem perto uns dos outros?
         "Eu morava num sobrado na cidade e todas as noites acordava com um barulho de correntes que se arrastavam no andar de cima. Nada de gemidos ou gritos, nem uma palavra. Só aquela corrente que se arrastava para cá e para lá. Um mistério! Era tão impressionante que eu acordava e não conseguia mais dormir. Depois de uma semana assim, eu sempre esperando e procurando criar coragem, pensei comigo: “tenho que dar um jeito nesse danado”. Arranjei um pedaço de pau, nem sei porquê, pois sabia que com fantasma não adianta usar um pedaço de pau. Assim que o barulho começou, subi devagarzinho. Quando eu andava, o barulho cessava. Quando eu parava, ouvia a corrente se arrastando. "Ele" devia estar bem perto, porque percebia que ia chegando gente. Abri num arranco a porta, entrei depressa e dei um grito para ver se o fantasma se assustava comigo. Sabem que deu certo? Ouvi uma voz rouca e assustadora: roc, rooc, roooc. Se não tivesse tão apavorado, teria rido a valer. Bem no meio do quarto, todo arrepiado e trêmulo, estava um papagaio! O bichinho escapava do poleiro todas as noites e "assombrava" a gente, passeando de um lado para outro com uma corrente presa na perninha. Os meninos riram aliviados. Esse era um divertido fantasma.
Maria Teresa Guimarães Noronha. Férias em Xangrilá.

1. Qual é o fantasma da história?

2. Quem contou a história?

3. Havia meninos entre uma roda de pessoas ou só adultos? Justifique com partes do texto.

4. Onde estavam os ouvintes da história?

5. O Vicentino teve medo do fantasma? Justifique sua resposta.

6. "Ele" devia estar bem perto porque percebia que ia chegando gente. O pronome grifado se refere:
( ) ao Vicentino            ( ) ao papagaio

7. "À distância de um grito" significa:
( ) perto               ( ) a uns cem metros.             ( ) Um duzentos metros uns.             ( ) Longe.

8. Em "nos sentimos mais seguros estando bem perto". Mais seguro significa:
( ) presos          ( ) mais protegidos.            ( ) mais econômicos.

9. Em um "barulho que se arrastavam no andar de cima". No andar de cima refere-se:
( ) ao barulho das correntes.         ( ) ao caminhar do fantasma.            ( ) ao pavimento superior do sobrado.

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