Leia “Língua brasileira”, de Kledir Ramil, do livro “Tipo assim”:
[...] O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes.
No Rio é “e aí merrmão! CB, sangue bom! Vai rolá umach paradach”. Até eu entender que merrmão era “meu irmão” levou um tempo. Em São Paulo eles botam um “i” a mais na frente do “n”: “ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo”. E no interiorrr falam um erre todo enrolado: “a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira”. Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.
Em Mins, quer dizer em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora e qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: “Muié, pega os trem que o bicho tá vindo”.
No nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó é vóinha. E pra você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar sempre a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda que as seguintes.
Mas o lugar mais curioso de todos é Florianópolis. Lagartixa eles chamam de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (que deve ser lido rôchca). Carne moída é boi ralado. Se você quiser um pastel de carne precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ôvo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. E tem mais…”BRIÓI” é como chamam a BR-101. E a pronúncia correta de d+e é “di” mesmo e não “dji” como a gente fala. Também t+i é “ti” e não “tchi”. Dizem que vem da colonização açoriana, mas eu acho que essa pronúncia vem sendo potencializada pela influência do castelhano, com a invasão de argentinos no litoral catarinense sempre que chega o verão. Alguma coisa eles devem deixar, além do lixo na praia.
Em Porto Alegre, uma empresa tentou lançar um serviço de entrega a domicílio de comida chinesa, o Tele China. Só que um dos significados de china no RS é prostituta. Claro que não deu certo. Imagina a confusão, um cara pede uma loira às 2 da manhã e recebe a sugestão de Frango Xadrez com Rolinho Primavera. Banana Caramelada! O que é que o cara vai querer com uma Banana Caramelada no meio da madrugada? Tudo isso é muito engraçado, mas às vezes dá problema sério.
A primeira vez que minha mãe foi ao Rio de Janeiro entrou numa padaria e pediu: “Me dá um cacete!!!”. Cacete pra nós é pão francês. O padeiro caiu na risada, chamou-a num canto e tentou contornar a situação. Ela ingenuamente emendou: “Mas o senhor não tem pelo menos um cacetinho?”
1ª – No texto, percebemos que o autor relata, de forma humorada, as peculiaridades do Português falado no Brasil. Essas características denotam que nível de linguagem? Por quê?
( ) nível formal; ( ) nível coloquial; ( ) nível regional; ( ) nível vulgar.
2ª – No enunciado “Me dá um cacete!!!” notamos, no contexto do padeiro, um duplo sentido, ou seja, ambiguidade na fala da mãe do autor? Se sim explique porque isso acontece.
3ª – Passe o enunciado da questão anterior para o nível formal.
4ª – Qual a expressão do texto que é utilizada como elemento coesivo, dando o sentido de resumir as ideias expostas?
5ª - Observe: “O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes”. O elemento coesivo mas é uma conjunção subordinativa adversativa, que possui a função de contrapor ideias, dando coerência ao texto. Nesse enunciado o mas relaciona ideias contrastantes? Há coerência nesse enunciado? Explique.
6ª – O texto possui alguns trechos com teor humorístico. Cite um e explique em que reside o humor.
7ª – Este enunciado “Seja mais um filho da mãe”, fez parte de uma campanha de preservação do meio ambiente. Reescreva-o e acrescente uma palavra ao final do mesmo, desfazendo a ambiguidade.
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